Além do serviço de bordo: comissário como pilar da segurança aérea
 

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Além do serviço de bordo: comissário como pilar da segurança aérea

29 / Maio / 2025

Por Alexandre Faro Kaperaviczus¹

No imaginário coletivo, o comissário de bordo é frequentemente associado à hospitalidade, aos sorrisos cordiais e ao conforto durante a viagem. No entanto, essa percepção, embora verdadeira em parte, não reflete a essência da função. O dia 31 de maio, Dia Internacional do Comissário de Bordo, é uma oportunidade de ampliar esse olhar e compreender o papel vital desse profissional na engrenagem da segurança operacional da aviação civil.

Poucos sabem, mas o comissário de voo é, antes de qualquer outra atribuição, um agente de segurança. Sua principal responsabilidade é proteger vidas, prevenindo, identificando e atuando em situações de risco dentro da aeronave. Essa atuação vai muito além do que é visível aos passageiros.

Por trás de cada demonstração de equipamentos de emergência, cada orientação ou comunicação durante o voo, existe um profissional treinado para gerenciar situações críticas. Incêndios a bordo, despressurização, evacuação em emergência, atendimento médico, gerenciamento de comportamentos disruptivos e até a condução de procedimentos em situações de ameaças — todas essas são competências inerentes ao profissional de cabine.

Esse preparo não é fruto apenas de vocação. É resultado de uma formação técnica rigorosa, pautada por normas nacionais e internacionais, que exige domínio de procedimentos de segurança, conhecimentos de primeiros socorros, sobrevivência em áreas inóspitas, combate a incêndios e, sobretudo, no desenvolvimento de habilidades emocionais para a tomada de decisão sob estresse.

Ao contrário do que muitos imaginam, a segurança de voo não se limita à cabine de comando. Ela é construída e mantida constantemente dentro da cabine de passageiros, onde o comissário atua como extensão dos comandos do Comandante da Aeronave, monitorando, orientando e garantindo que todos os protocolos sejam cumpridos — especialmente quando fatores inesperados se apresentam.

É fundamental entender que cada aviso de afivelar os cintos, cada monitoramento de comportamento e cada reforço das normas não é mero formalismo. São medidas preventivas, sustentadas por estatísticas, análises de riscos e diretrizes da aviação civil mundial. São ações que fazem a diferença entre um voo seguro e situações potencialmente críticas.

No ‘Dia Internacional do Comissário de Bordo’, é indispensável reconhecer e valorizar quem escolhe, diariamente, assumir a responsabilidade de proteger centenas de vidas em cada decolagem. O profissional é, sim, a face da cordialidade no atendimento, mas, sobretudo, é parte indispensável da engrenagem que mantém a aviação como o meio de transporte mais seguro do mundo.

¹Sobre Alexandre Faro Kaperaviczus

Especialista em Gestão de Processos pela Universidade Federal Fluminense – UFF (2005). Curso de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica pela Universidade da Força Aérea – UNIFA (2005). Especialista Docente em Gestão Empresarial pela Associação de Ensino Unificado do Distrito Federal – AEUDF (2002). Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica – EAOAR (1997). Bacharel em Direito pela Fundação de Ensino Octavio Bastos – FEOB (1995). Bacharel em Ciências Aeronáuticas pela Academia da Força Aérea – AFA (1987). Advogado (Áreas Cível, Trabalhista, Contratual, Propriedade Intelectual e Aeronáutico). Gerente-Adjunto de Projetos Aeronáuticos no Subdepartamento de Desenvolvimento e Programas da Aeronáutica (2001-2004 e 2006). Vice-Diretor do Grupo de Trabalho Brasil-Itália para o Programa Aeronave de Combate – AMX (2007-2008). Gerente do Projeto Aeronave Leve de Ataque – AL-X na Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (2009-2010). Piloto Militar da Força Aérea Brasileira (1985-2010). Professor do Curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi (2012). Professor da Pós-Graduação em Direito Aeronáutico da Universidade Anhembi Morumbi. (2014) Coordenador da Pós-Graduação de Direito Aeronáutico da Universidade Anhembi Morumbi (2016). Membro da Comissão de Direito Aeronáutico da OAB/SP (2019). Coordenador do Curso de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi (2020). Coordenador do MBA de Aviação Civil da Universidade Anhembi Morumbi (2020). Coordenador da Pós-Graduação de Segurança de Voo da Universidade Anhembi Morumbi (2020). Coordenador da Pós-Graduação de Gestão de Aeroportos da Universidade Anhembi Morumbi (2020). Coordenador do Curso Superior de Comissários de Voo (2025). Mestre em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi. Doutor em Hospitalidade pela Universidade Anhembi Morumbi.