No cotidiano de trabalho de um arquiteto formado, muitas vezes, é necessário lidar com contratantes que nem sempre serão conhecedores de todos os processos que envolvem a projeção de um imóvel. Sobre isso, Camila Forcellini, Arquiteta e Mestre em Arquitetura e Urbanismo, destaca que, além da criatividade e das habilidades técnicas desenvolvidas ao longo da graduação, a capacidade de lidar com problemas complexos e resolvê-los de forma simples é extremamente valorizada nesses profissionais.
Afinal, antes mesmo de iniciar qualquer tipo de construção, é imperativo preparar um projeto de arquitetura que seja voltado à definição de prazos, à estipulação de metas e ao alinhamento das expectativas do cliente.
Neste post, abordaremos justamente isso, dando ênfase ao conceito de projeto de arquitetura — e à sua finalidade —, elencando os seus tipos e as etapas, entre outros pontos chave. Boa leitura!
O que é um projeto de arquitetura e para que serve?
Basicamente, trata-se de um documento que inclui uma série de desenhos técnicos, uma representação gráfica e documentações com os objetivos básicos de uma obra. Geralmente, em um projeto de arquitetura, esses propósitos são definidos na primeira reunião com o cliente, quando ele informa as suas expectativas e os seus desejos para a construção, como a quantidade de banheiros e de janelas, a disposição dos cômodos e outros detalhes, independentemente do tipo de edificação.
Em termos simples, o projeto servirá como um guia para a execução da obra , composto por desenhos, representações, inspirações e diversos outros documentos necessários para a construção ou reforma de um ambiente.
A propósito, quanto aos princípios norteadores que devem direcionar um projeto arquitetônico de sucesso, Camila acrescenta:
“É preciso colocar o usuário, o cliente, no centro das tomadas de decisões: entender suas necessidades, dores e desejos, e apresentar a proposta mais adequada para cada situação, considerando a escala e os contextos social, econômico, ambiental e tecnológico”.
Quais são os tipos de projeto de arquitetura?
Existem várias projeções arquitetônicas, que são divididas em grupos para proporcionar uma melhor organização e facilitar a observância das normas da ABNT, como:
- projeto de arquitetura residencial — é dedicado à criação de lares sob medida, que refletem a personalidade, os sonhos e as necessidades de cada família. Casas e apartamentos tornam-se refúgios confortáveis, nos quais cada metro quadrado é maximizado para promover o bem-estar e a felicidade dos habitantes;
- projeto de arquitetura empresarial ou corporativo — assume uma vital importância, já que escritórios e sedes de empresas são projetados para estimular a produtividade, a criatividade e a colaboração, criando ambientes inspiradores que impulsionam o sucesso dos negócios;
- projeto de arquitetura comercial — cada detalhe é cuidadosamente pensado para atrair clientes, fidelizá-los e, claro, proporcionar uma experiência única e memorável. A fachada se torna um convite irresistível, enquanto o interior traduz a identidade da marca e cria um ambiente acolhedor e propício ao consumo;
- projeto de arquitetura institucional — busca criar espaços funcionais, seguros e inclusivos, que sirvam como instrumentos de transformação social e promovam o bem-estar da população.
Inclusive, acerca da importância da área de Arquitetura e Urbanismo na construção de cidades habitáveis e sustentáveis, Camila ressalta:
“A visão e o conhecimento do arquiteto e urbanista é fundamental para o planejamento, a construção e a manutenção de nossas cidades. Nossa formação permite que analisemos as condições urbanas e ambientais sob um viés técnico, cultural, ambiental e social, de modo que as propostas de intervenções urbanas considerem o contexto local e a relação dos habitantes com a cidade”.
Quais são as etapas de um projeto de arquitetura?
A elaboração dessa documentação de uma obra exige paciência e dedicação, pois há muitos detalhes a serem considerados. Por isso, é essencial ter um cronograma de obra adequadamente estruturado para garantir que tudo sairá conforme o decidido nas reuniões prévias.
Uma boa pedida nesse sentido é seguir as etapas de um projeto de arquitetura, as quais veremos a seguir!
Briefing
A primeira etapa de um projeto de arquitetura ou de interiores é uma entrevista com o cliente. O briefing é como uma “bússola” que guia todo o projeto.
Nele, são mapeadas informações altamente valiosas, como a quantidade de ambientes, o número de pessoas que utilizarão o espaço, o estilo desejado e as funcionalidades primordiais. Ou seja, é como se “desenhássemos um retrato fiel” do que o cliente almeja.
A entrevista transcende a simples coleta de informações. Na verdade, representa um instante de conexão humana, no qual se forja uma relação de confiança e de cumplicidade entre cliente e arquiteto. Nesse ambiente positivo, lançam-se os alicerces para um projeto personalizado, que excede expectativas e transforma realidades.
Inclusive, é importante enfatizar que o briefing é igualmente essencial para a formalização do contrato, estabelecendo os custos e os prazos para a entrega do projeto. A transparência e o profissionalismo asseguram um processo sereno e protegido para todos os envolvidos.
Estudo preliminar
Trata-se da segunda fase do projeto de arquitetura, que é determinante para encontrar soluções que atendam aos desejos do cliente. Nessa etapa, o profissional também elabora um orçamento detalhado, apresentando os valores da obra e as justificativas.
As orientações e os dados coletados são utilizados para criar as primeiras plantas do projeto, delimitando as áreas do local e fazendo desenhos preliminares baseados nas referências e nas preferências do cliente. Mesmo que o cliente tenha desejos específicos para a obra, se não houver capital suficiente, a solução é encontrar alternativas que atendam às necessidades e se encaixem no orçamento disponível.
Estudo do local
Essa é a etapa em que o arquiteto vai até a área da obra. O objetivo é determinar a viabilidade da construção, reunindo todos os dados necessários para avaliar se a execução do projeto é possível.
Nesse estágio de “vistoria”, nada passa despercebido. A vegetação presente, a topografia, a vizinhança e a incidência de ventos são meticulosamente observadas e documentadas. Cada dado coletado é uma peça essencial do quebra-cabeça, contribuindo para o desenvolvimento de um projeto personalizado para o local.
É também nessa fase que o arquiteto coleta os elementos determinantes para assegurar a viabilidade do projeto, a funcionalidade do espaço e o conforto dos futuros ocupantes. Com um olhar cuidadoso e especializado, ele converte o terreno em um cenário preparado para acolher a edificação almejada.
Estudo de viabilidade
Após a vistoria do terreno, o projeto adentra em uma nova etapa crucial: a verificação da legalidade . Nessa missão, o arquiteto garante que ele esteja em perfeita harmonia com as leis e normas da cidade, como o Plano Diretor e o Código de Obras.
Assim, o terreno é submetido a um exame minucioso: o levantamento topográfico. Todos os detalhes, incluindo medidas, inclinações e características específicas, são meticulosamente mapeados. A orientação solar é igualmente avaliada com atenção, orientando a distribuição dos espaços para maximizar o conforto térmico.
Anteprojeto
Trata-se de uma fase preliminar de desenvolvimento onde se elaboram as primeiras propostas de design e soluções técnicas. Nesta etapa, o arquiteto cria esboços, plantas baixas, elevações e perspectivas que delineiam o conceito geral do projeto, incluindo a organização dos espaços, a volumetria e a integração com o entorno.
O anteprojeto serve como base para discussões com o cliente e para obtenção de aprovações preliminares, garantindo que a visão e as necessidades do cliente estejam sendo atendidas antes de avançar para os detalhes técnicos e executivos do projeto.
Projeto legal
É o processo em que o arquiteto elabora e submete à aprovação das autoridades competentes toda a documentação necessária para obter as licenças e autorizações legais para a construção. Esse projeto deve estar em conformidade com as normas, regulamentos e códigos de construção locais, incluindo leis de zoneamento, acessibilidade, segurança, uso do solo, e impacto ambiental.
O projeto legal inclui plantas, cortes, elevações, e outros desenhos técnicos detalhados, além de relatórios e formulários exigidos pelos órgãos reguladores. A aprovação desta etapa é crucial para garantir que a construção possa ser iniciada legalmente.
Projeto executivo
Agora, chegamos à etapa crucial que transforma o trabalho em uma obra viva e pulsante: a documentação executiva . É aqui que a imaginação do arquiteto se materializa em um conjunto completo de plantas, detalhes e especificações que guiarão cada passo da construção.
Cada instrumento tem a sua essencialidade. Os projetos detalhados, sejam hidráulicos, sejam elétricos, sejam de forro, sejam de iluminação, sejam de gás, sejam de ar-condicionado, atuam como “partituras” exatas para os regentes da construção. Cada elemento, das tubulações aos interruptores, dispõe de uma posição e de uma função devidamente determinadas.
Orçamento
A última etapa do projeto consiste nas pranchas técnicas de execução, que devem conter todas as informações necessárias para que cada fornecedor possa orçar a execução de cada item. Com essas pranchas em mãos, é possível calcular o valor total destinado à obra, incluindo a parte de decoração pré-definida nas perspectivas.
Como saber se o curso de Arquitetura é para você?
Inicialmente — e esse é o tipo de “passo a passo” que funciona para quase todos os casos —, faça uma lista dos motivos que o movimentam, entenda quais são os sonhos que você persegue, compreenda as preferências que fazem parte de você e, principalmente, o que te levou a se interessar pela graduação em Arquitetura.
A partir disso, é possível seguir algumas sugestões que o ajudarão a tomar uma decisão racional!
Faça uma lista das razões que o inclinam a escolher Arquitetura
O primeiro passo para descobrir se a área é para você é entender o motivo pelo qual você está considerando fazer o curso, ou o motivo que te fez entrar no curso, caso já esteja na faculdade. Faça uma lista dessas razões, entenda quais são os sonhos envolvidos, as preferências que você tem e o que te levou a se interessar pelo campo.
Conheça as Unidades Curriculares que compõem a matriz do curso
A graduação em Arquitetura é bastante abrangente, englobando Exatas, Sociais, Humanas e Artísticas. Ele oferece uma diversidade de conteúdos, variando entre o técnico e o artístico, que devem ser compreendidos e aplicados na prática do arquiteto.
Portanto, é imperativo compreender a dinâmica do curso, a forma como ele integra áreas diversas e como isso converge para um produto final: o projeto. É vital reconhecer as temáticas que o agradam e aquelas que não são do seu interesse, e aprender a gerenciar essa diversidade de Unidades Curriculares.
Um dos maiores desafios na faculdade de Arquitetura é que os alunos tendem a gostar de áreas específicas, seja técnica, seja artística, o que pode afetar o desempenho durante o curso e a atuação profissional no futuro.
Fique por dentro das principais áreas de atuação de um arquiteto
É importante saber o que faz um profissional formado em Arquitetura e em quais áreas ele pode atuar. Um arquiteto pode desempenhar diversas atividades, desde as mais criativas e artísticas até as mais burocráticas e técnicas. Conhecer essas possibilidades é essencial para decidir onde atuar: projetos, urbanismo, paisagismo , obras, entre outros.
Na verdade, saber o que um arquiteto pode ou não fazer é o primeiro passo para escolher a área de atuação. Mesmo que você já tenha uma ideia de onde quer trabalhar, é importante conhecer um pouco de todas as áreas, pois isso amplia as possibilidades e pode levar a novas oportunidades conforme as necessidades e os interesses mudam.
Escolha uma Instituição de Ensino Superior (IES) de qualidade
Na Anhembi Morumbi, por exemplo, Camila destaca que os alunos têm acesso a ateliês de projeto, maquetarias com equipamentos para corte a laser e impressoras 3D, além de laboratórios de informática com os softwares mais atuais e utilizados na construção civil.
Dessa forma, eles têm a oportunidade de ampliar o conhecimento construtivo em laboratórios de materiais específicos. Ela ainda ressalta: “Também contamos com o escritório-modelo Tetris, fundamental para que nossos alunos possam entender como é a dinâmica do cotidiano de um profissional da área, a partir do desenvolvimento de projetos para situações e clientes reais” .
Camila explica que a matriz curricular do curso permite que a aplicação dos conceitos seja sempre feita em uma situação de projeto nas mais diversas escalas: arquitetônico, urbanístico, paisagístico e de interiores.
Em outras palavras, sempre orientados pelos docentes, os alunos trabalham em equipes no desenvolvimento das propostas mais adequadas para uma situação real de projeto. Tal prática corrobora com o aumento do repertório teórico e técnico dos discentes, bem como para o desenvolvimento dos sensos de colaboração e coletivismo.
Camila também destaca: “Prezamos pelo nome que nosso curso representa dentro da Anhembi Morumbi e como ele repercute no mercado de trabalho . Para tal, nossos docentes sempre estão atentos às novidades da área e como elas podem contribuir na resolução dos problemas contemporâneos, de modo a preparar nossos alunos para os desafios reais”.
Ela acrescenta que algumas atividades extraclasses, tais como projetos e cursos de extensão, visitas técnicas e participação em eventos profissionais e acadêmicos da área de Arquitetura e Urbanismo, auxiliam no entendimento acerca dos desafios atualmente enfrentados pelos profissionais da área.
Finalmente, Camila conclui: “O arquiteto e urbanista tem a possibilidade de atuar em um leque muito grande de áreas; é uma área que incentiva a criatividade e a inovação, e para alcançar tal potencial o estudante precisa estar atento e observar as mudanças que ocorrem em nossas cidades e em nossa sociedade […]”.
Inclusive, ainda segundo Camila, ele também precisa estar disposto a aprender e compreender as potencialidades da tecnologia (softwares, sistemas, materiais etc.) para a resolução de problemas e para a aplicação em novas possibilidades de projetos arquitetônicos, urbanísticos e paisagísticos, em diversas escalas. Por fim, o graduando deve “abraçar a profissão” com paixão e dedicação, gostar de colocar a mão na massa e ter disposição para colaborar para a construção de uma sociedade mais sustentável e igualitária.
Como você pôde ver, o curso de Arquitetura abre um leque amplo de opções de atuação, e o projeto de arquitetura é um instrumento fundamental no dia a dia laboral do profissional. Portanto, é fundamental compreender as suas etapas e, mais do que isso, avaliar se você tem afinidade com a graduação, inclusive avaliando as Unidades Curriculares que compõem a matriz do curso.
E aí? Está pronto para embarcar nesse universo e iniciar a sua jornada profissional? Então, conheça o curso de Arquitetura e Urbanismo da Anhembi Morumbi !